RP? ...mas o que é isso?!?
Como boa profissional que sou, acompanho diariamente, as
diversas considerações e realidades daquela que foi a minha área de formação -
as Relações Públicas.
Recentemente, um famoso e internacional CEO afirmou, no Global PR Summit
2013, que apesar do grande potencial da nossa área, esta não atingiu
ainda o patamar de outras disciplinas de comunicação.
Apesar dos ventos serem
favoráveis – dificuldades das empresas, crescimento da era digital, diferenciação
no mercado pela comunicação, apenas a título de
exemplo – é um facto que os profissionais denotam falta de confiança e
capacidade para vender a sua actividade.
Por outro lado Martin Sorrell refere também a importância
das RP estarem devidamente integradas com outras disciplinas de comunicação para este novo ano de 2014.
Considerações bastante acertadas que concordo a 100%.
Para os mais curiosos poderão ver a comunicação supra-referida no
seguinte video:
Mas afinal o que é isto das Relações Públicas?
Um dos grandes problemas para a falta de reconhecimento e
dignificação das Relações Públicas, no mundo inteiro, mas em particular no
nosso país (Portugal), reside a meu ver, e em 1º lugar, no facto de muitos dos
comunicadores simplesmente não saberem explicar, o que fazem.
Aqui há uns tempos lia uma publicação no Facebook de um
amigo meu que afirmava que as pessoas passavam a vida a perguntar o que fazia e que
só sabiam que ele era “RP”… e daí seguiu-se uma panóplia de comentários que
alinhavam exactamente nessa ideia e alguns diziam mesmo: “pois… nem eu sei
explicar”..."totally me!"..."como eu te percebo"...
Ora isto vindo de um comunicador é grave. Muito grave.
Como é que podemos andar para a frente neste país se nem
sequer conseguimos explicar aos nossos amigos e/ou familiares o que fazemos?
Onde é que já se viu um advogado não saber explicar as suas
funções? Ou um médico? Ou… ou...ou...?!
Pois, nas Relações Públicas é
recorrente… é que se não sabemos explicar o que andamos aqui a fazer, com a
segurança e confiança dignas de qualquer profissional, obviamente que do outro
lado também não nos irão compreender… nem
tão pouco “comprar” a ideia…!
Um publicitário sabe defender-se, já um marketeer tem mais
dificuldades… mas isto de “influenciar percepções” ainda é mais complicado… o
próprio termo em si (RP) é tão abrangente que não diz nada… ainda se fosse
“Gestor de Reputação” ou “Gestor de Imprensa” a coisa ficava mais clara?
Talvez não… e era igualmente castrador das nossas potencialidades...
Existe ainda quem nos “limite” a “Gestor de Eventos”, quais Lili´s,
Maya´s, Cinha´s e afins ... já me aconteceu tantas vezes, que já perdi a conta!
Ou ainda...a "Facebookianos" - quantas vezes já não ouvi: "Isso é que é um trabalho! RP = Facebook todo o dia!"
Enquanto Coordenadora de Relações Públicas à frente das mais
variadas organizações, durante os últimos anos, também sofri na pele, com o facto
das mesmas não saberem muito bem definir barreiras de intervenção para a minha
função - então fazia um pouco de tudo,
desde as newsletters, gestão de reclamações, às
relações comerciais, cobranças, gestão de conteúdos e
design na Web, manuais de acolhimento, etc., etc… por um lado foi bom, fiz de tudo,
por outro lado não me focava basicamente ou exclusivamente nas funções de RP
pois tudo era prioritário… e o que não se encaixava nos restantes
departamentos...simplesmente era “RP”…!
Possivelmente faltará mesmo uma Associação que nos
represente e nos defenda condignamente. Acho que ainda está para chegar… em breve
espera-se - aguardo ansiosamente pelo dia. Mas será isso suficiente? Mais do
que uma Associação, considero faltar uma “Ordem” para o sector.
Doravante, às vezes precisamos apenas de focar a nossa
comunicação... e afirmar a nossa área com segurança (!) . Para quem não sabe o que é um “Relações Públicas” e o que faz,
aqui deixo a definição, com esperança de desfazer ainda alguns equívocos:
“Um Relações Públicas é um profissional de Comunicação que
defende, protege e acarinha a imagem e a identidade de uma marca ou
organização, comunicando regularmente e criando laços com os stakeholders da
organização, conquistando notoriedade e reputação para a mesma através dos mais
variados instrumentos de comunicação interna e externa à sua disposição, como
por exemplo, reuniões, eventos empresariais, conferências de imprensa, media
relations, quadros de sugestões, exposições, revistas/jornais internos, social
media, etc.”.
Was that clear?
E rege-se por que valores deontológicos? Pela verdade, a
confidencialidade, a lealdade e a liberdade.
Enough said.